sábado, 26 de outubro de 2019

Campina Grande - Marinês (Canção da fé - 1972)

No dia x da semana
No mês dos doze do ano
Numa casa, numa rua
Num bairro, numa cidade

Na maior simplicidade
Uma criança nasceu
Botou a boca no mundo
Gritou que havia chegado
Confesso meio acanhado
Aquele grito era meu
Ali eu olhei o mundo
Bem do alto de uma serra
Onde fica a minha terra
No topo da borborema

Não há versos nem poemas
Que possam cantar em rimas
Os dias que ali em cima
Eu vivi quando criança
Saudade nasce a distância
Campina grande campina
Sou menina ainda deus menina
Dos tempos da minha infância

Falado: Minha Campina grande, da minha infância, recordando tudo que fomos. Eu que resolvi não mais curtir essa saudade sozinha, e por isso, vai meu desabafo nessa canção.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Uma prece para os homens sem Deus - Gordurinha (Gordurinha - 1968)

"Guerra ou paz, eis o dilema. Entre uma e outra, a inquietação. Essa dispneia coletiva, essa asfixia em forma de interrogação. E nós precisamos de uma coisa só: fé comum a todos. Precisamos remover a montanha do ceticismo e da indiferença. Precisamos degelar esta cordilheira de ódios e incompreensões."

Meu deus,
Por que é que nesta terra
Pedem paz e fazem guerra
E fazem guerra pela paz?

Meu deus,
Por que é que os homens agem
Sempre em nome da coragem
E apunhalam só por trás?

A fortuna correndo atrás
De quem já tem dinheiro
E o faminto se foge da fome
Ela vai atrás

Oh, meu deus, o sertão está seco
Só chove na praia
O oceano está cheio d´água
Não precisa mais

Muita gente com a reza na boca
E o ódio no peito
O cristão fazendo mal feito
Com a bíblia na mão

A ganância na terra entre os homens
Gerando conflitos
E a ciência a serviço do mal e da destruição

Meu deus, anulai a profecia
Pois o mundo qualquer dia
Vai mergulhar num vulcão
Meu deus, aumentai a nossa crença
Pra que o homem se convença
Que o mundo inteiro é cristão.

Poeira de morte - Gordurinha (Mamãe! Estou agradando - 1961)

Tá vendo essa roupa cáqui
Já foi branca meu patrão
Acontece que eu vim de longe
Em cima de um caminhão

E a poeira do norte
Naquela estrada de morte
Tem dó de mim meu patrão
E vê se ajuda seu irmão

Eu quero trabalhar o dia inteiro
Nem que seja pra ganhar um tostão
Eu já não posso mais
E voltar atrás eu não quero não

Chega de viver torrado
pelo sol malvado que só quer matar
Chega de dizer que a fome
É direito do homem que não quer roubar
Patrão não estou aqui
Não foi pra divertir e nem ver carnaval
Apesar do que sofri no norte
Sou caboclo forte quero trabalhar