terça-feira, 2 de junho de 2020

Sem orgulho e sem maldade - Zenilton (Cachaça também mata - 1978)

Nascendo e Vivendo
Morrendo sem aprender
Pensa que sabe tudo
Falta tudo pra saber

Quanto mais o tempo passa
Você tem o que aprender

Deixa de tanta maldade, irmão
Para irmão nós somos todos iguais
Só falta compreensão

Quem planta abacaxi
Não pode colher mamão

Sem orgulho e sem maldade
Vamos defender o pão
Quem trabalha Deus ajuda
Não viva de ilusão
O pensamento sadio
Alimenta o coração

Forró em Campina - Zito Borborema (Forrozão - 1973)

A festança estava uma beleza
No forró da Zefa Tributina
Uma dona valente de Campina
Que no barulho tem disposição
Está noite chegou um valentão
Que vinha lá da banda das Areia
Óia o cabra já vinha de cara cheia
E entrou no forró sem permissão
Mas Zefa Tributina disse não
Cabra de sua laia aqui não dança
Ele então respondeu com uma dragança
Ou eu danço ou acabo com a festança
De repetente chegou o cabo Chico
Com todo seu destacamento
Que fazia o policiamento
Para manter a ordem no forró
O cabra pensava que estava só
De momento tornou-se um cordeiro
De repente veio o vento e apagou o candeeiro
No escuro ninguém se entendia
Foi pesada e grossa pancadaria
Nego que apanhou de fazer dó
E o cabra que fez toda arruaça
Foi curtir a cachaça no xilindró.

Falado: Menino a Zefa Tributina danou-se e disse: -Cabo Chico, pega esse cabra, dele umas lapicochada pra mostrar a ele que forró de mulher não se acaba com brincadeira.

Minha Campina Grande - Zito Borborema (Forrozão - 1973)

Eu vou deixar minha Campina Grande
Levo muita saudade no meu coração
Levo saudade do banho de bodocongó
Do caldo de mocotó la na volta Zéliar
Levo saudade do bairro do Jeremias
Do forró da velha Antonia
Onde tinha nega boa pra gente sambar
Levo saudade da cana camaranhense
Aguardente feita de cana muito boa especial
Levo saudade do picado lá da feira
E também da gafieira lá do Guarani
Levo saudade do treze da borborema
Do cavaquinho de Duduta e do violão do Valdir.

É só saudade - Zito Borborema (Alegria da festa - 1978)

Vi o riacho correndo
Quando o inverno chegou
Vi também tudo morrendo
Quando o riacho secou
Foi aí que disse adeus
Ao pedacinho de terra
Que ficou lá bem distante
Do sertão no pé de serra
E agora é só saudade
Que me invade o coração
Meu amor minha amizade
Ficou naquele sertão

Quem me dera saudade
Fosse embora de uma vez
Ou que fosse me deixando
Cada dia e cada mês
Juro por nossa senhora
Do sertão nunca esqueci
Mas seca me devora
Vou ficando por aqui
E agora é só saudade
Que me invade o coração
Meu amor minha amizade
Ficou naquele sertão

Sem teu amor - Zito Borborema (Os dois agarradinhos)

Vivo sozinho no mundo
Sem ninguém pra me amar
Só encontro amor fingido
Para me fazer chorar
Já sofri mas não chorei
Mas nunca me esquecerei de quem não me soube amar

Viver sozinho nesse mundo é muito ruim
E sem amor a gente não pode viver
Viver assim sem teu amor eu vou morrer

Saudades de Recife - Zito Borborema (Os dois agarradinhos)

Tenho saudade lá do meu Recife
Da Veneza brasileira

Tenho saudade da ponte giratória
Mercado São José e praça da Independência
É lá que o frevo impera com cadência
Ah se eu tivesse no Alto da Boa Vista
Olhando as belezas que lá veneram
Vendo o Capibaribe
Mostrando suas águas atraente e bela
Ah se eu tivesse na praia do Rio Doce
Na praia de Olinda, Pina e Boa Viagem
Ah se eu tivesse também em Gaibú
Onde comi caju com cachaça de cabeça
E comi uma peixada feita no coco com pimenta malagueta

Coisas do Norte - Marinês (Coisas do norte - 1963)

No norte tem muita coisa
Que tem nome diferente
Que se ouve todo dia
Da boca daquela gente

O cachorro mamegoso
Facassei ponta que sé
História  antiga é trancoso
Sujeito feio é melé
Cigarro apagado é piaba
Carteira velha é bruaca
Cheiro de cana é mangaba
Suor concentrado é inhaca

Guarda chuva é parteira
Fumo fraco é boró
Menino bobo leseira
Jogo de dano é bozó
Bote novo é miusaia
Recado escrito é biete
Escorpião é lacraia
Sujeito chato é cacete

Todo fanho é bode rouco
Moça velha é puruca
Vela pequena é cotoco
Negócio feio arapuca
Carro velho é loré
Dança de folé é forró
Quem nada sabe é mané
 Ficou tonto tá zoró






Meu fracasso - Jackson do Pandeiro (O dono do forró – 1971)

Perdi aquela rosa perfumada
Fiquei sem a minha amada
A quem dei meu coração
O que me resta é a saudade no meu peito
Deste amor que foi desfeito
Sem ter motivo ou razão

E hoje não tenho mais alegria
Se vivo na boemia
Há um motivo pra isso

Se bebo é pra esquecer meu fracasso
E você no meu lugar
Também faria o que eu faço.

A saudade dói - Ary Lobo (Ary Lobo - Coletânea)

Se Deus quiser vou voltar pra minha terra
A saudade fez meu peito se machucar

Eu escrevi pra mamãe
Dizendo como é que eu vou
Gozando muita saúde
Vivendo em paz no amor
Mais a saudade que dói
Chegou no meu coração
Chegou e falou mais alto
Eu aqui não fico não

Se Deus quiser vou voltar pra minha terra
A saudade fez meu peito se machucar

Eu vou deixar meu adeus
Pra essa gente querida
Que sempre me acolheu
E tanto faz de guarita
Mais a saudade que arrasa
Veio tirar minha paz
Fazendo eu voltar pra casa
Com uma mão na frente e a outra atrás.

Corrida da vida - Messias Holanda (A Volta do Forrozeiro - 1995)

Para que ter egoísmo
Sentir-se orgulhoso com tudo que tem
Se a vaidade te ilude
Mas sem a saúde não somos ninguém
Para que tanto dinheiro
Se o mais certeiro o futuro é a morte
Se um é pobre outro é rico
Não fique oprimido pois esse é a sorte
Mas no livro do justo
O ricaço e o mendigo são todos iguais
Na corrida da vida
Quem larga na frente é quem chega atrás
Hoje estou sofrendo
O martírio que a própria vida me conduz
Mas feliz o cristão
Que na terra carrega um pouquinho da cruz.