quinta-feira, 21 de setembro de 2023

No batente de pau do casarão - Zeto do Pajeú

De Braúna foi feito este batente
Bem sentado no chão por um pedreiro
Cada marca no corpo é um janeiro
Que lhe deixa por um lado assim pendente
Mesmo assim rijo, forte e resistente
Se escalda nos dias do sertão
E o passado lhe trás recordação
Dos trinados de esporas e dos chocalhos
Que fizeram com o tempo estes mil talhos
No batente de pau do casarão
No batente da casa da fazenda
Tropecei quando ainda era bem moço
Esperei mãe trazer o meu almoço
Vi Maria sentada fazer renda
Muita gente deixava encomenda
Um menino batia seu pinhão
Pra ficar bem macio em sua mão
Dava cortes profundos na madeira
Tem até um buraco de pingueira
No batente de pau do casarão
Eu conheço a história de um batente
Que por mais de cem anos foi pisado
Quando a casa caiu foi retirado
Pro uma sobra que havia assim na frente
E de assento servia a muita gente
Esperar com a família o caminhão
Quantos anos ficou ali no chão
Esperando no chão com paciência
Acho até que existe consciência
No batente de pau do casarão.

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